Izabel
Padovani, vencedora do último Prêmio Visa Edição Vocal,
lança o CD Desassossego
Uma
das mais novas apostas do meio musical, a paulista que morava
em Viena une interpretação vigorosa a arranjos elaborados,
numa mistura que conquistou platéia e júri do prestigiado
prêmio.
“Desassossego”
é o nome do CD que embala o encontro da cantora Izabel Padovani
com o público brasileiro. O lançamento da gravadora Eldorado
é resultado de sua vitória no 8.º Prêmio Visa de Música Brasileira
Edição Vocal e responsável pelo retorno de Izabel ao Brasil,
depois de 10 anos na Áustria. Pré-selecionada entre 2.686
inscritos e escolhida por um júri formado pelo pianista, regente
e compositor Nelson Ayres, o maestro Lutero Rodrigues, o compositor
Arrigo Barnabé, as cantoras Jane Duboc, Mônica Salmaso e Zélia
Duncan e o saxofonista Roberto Sion, a meio-soprano Izabel
Padovani é a última “descoberta” do prêmio que já revelou
nomes como a própria Mônica Salmaso, o cantor Renato Braz
e o violonista Yamandú Costa, na categoria Instrumental.
O
CD
O
título “Desassossego” expressa o momento da vida da intérprete
e o tema que norteia a escolha das faixas que compõem o CD.
Mas também dá pistas de sua proposta artística: fazer música
brasileira moderna, utilizando arranjos nos quais o instrumental
tem o mesmo peso da interpretação vocal.
Seu
repertório se divide entre releituras de compositores consagrados
como Paulinho da Viola, Chico Buarque, Caetano Veloso e Gilberto
Gil, e novos nomes, de Manu Chao a Alessandro Kramer e Luís
Felipe Gama. “Na hora da seleção das músicas, uma de minhas
preocupações foi valorizar a poesia presente nas letras de
nossos grandes compositores, mas não queria que fossem só
canções de amor, então procurei questões que de alguma forma
retratassem o desassossego dos dias de hoje ”, ela conta.
Seguindo
este critério, a faixa de abertura é a vertiginosa “Circuladô
de Fulo”, de Caetano Veloso com letra de Haroldo de Campos,
numa versão que arrebatou a platéia do prêmio logo nos primeiros
acordes do arranjo de clarinete, violoncelo e baixo que a
introduz. A densidade poética também é a marca de “Ensolarada”,
de Luís Felipe Gama, “A Permuta dos Santos” e “Frevo Diabo”,
de Chico Buarque e Edu Lobo, composições que trazem o desassossego
à tona em seus versos.
Izabel
coloca ainda sua interpretação forte a serviço do samba, representado
por duas gerações. De Janet de Almeida e Haroldo Barbosa,
compositores pré bossa nova, ela canta o autobiográfico “Um
Samba na Suíça”. Relê a rica harmonia de “Onde a dor não tem
razão”, de Paulinho da Viola, acompanhada por um quarteto
de sopros , e o clássico do repertório popular “Retalhos de
Cetim”, de Benito de Paula.
Voltando
ao tema de origem, há “Extra” e “Opachorô”, de Gilberto Gil,
e “Baião da Penha”, de David Nasser e Guio de Moraes, que
deram origem a um improviso de estúdio registrado no CD. “Lagrimas
de Oro”, de Manu Chao, uma salsa com versos pungentes ganhou
uma leitura sulista, mais próxima da milonga. A vocação do
CD se acentua em dois temas instrumentais: “Mayara”, do acordeonista
gaúcho Alessandro Kramer, e “Songs for Denise”, um choro com
fraseado jazzístico do pianista austríaco Reinhard Micko.
Há também “Pés no Chão”, dos portugueses Maria João e Mário
Laginha, que soa como improviso vocal, mas possui letra em
forma de jogo sonoro.
À
interpretação campeã de Izabel Padovani na última edição vocal
do Visa, soma-se outra grande voz consagrada pelo prêmio.
Renato Braz - vencedor em 2002 é convidado especial em “Dueto”,
confirmando a presença soberana de Chico Buarque no CD, em
versão acompanhada por quinteto de cordas.
Desassossego
foi gravado na companhia de músicos experimentados e marca
a reestréia no circuito nacional de parceiros da intérprete
em sua carreira no exterior. A direção musical do CD é de
Izabel e do baixista e compositor Ronaldo Saggiorato, que
também assina os arranjos. Nascido em Passo Fundo (RS), tocou
por muitos anos com Renato Borghetti, Alegre Corrêa e faz
parte do grupo instrumental Dr. Cipó.
O
co-responsável pelos arranjos é o pianista e compositor Marcelo
Onofri, que morou 15 anos em Viena e há cinco está de volta
ao Brasil. Ele tem dois CDs gravados em duo com Izabel Padovani
e mais dois com a sua Camerata Brasileira.
Na
bateria, Nenê, um músico que tem lugar na história da música
brasileira: foi por muitos anos baterista de Elis Regina e
integrante da banda do lendário Hermeto Pascoal. Participam
da gravação ainda o quarteto de sax Vinicius Dorin, Proveta,
Ubaldo Versolato e Samuel Pompeu e o quinteto de cordas formado
por Gilberto de Syllos (contrabaixo), Lara Ziggiati (violoncelo),
Aramis Rocha e Arthur Barbosa (violino) e André Sanches (viola).
A
intérprete
Paulista
radicada há anos na Áustria, Izabel nasceu em Campinas (SP)
e desde 1996 vive entre Viena e São Paulo. Foi aluna de Canto
de Ana Maria Kieffer e freqüentou o Curso de Música da Fundação
das Artes de São Caetano do Sul. Tem dois CDs gravados: “Mar&Bel”
e “Hein?”, ambos com a participação do pianista Marcelo Onofri,
seu parceiro de longa data.
Com
a carreira voltada para o exterior, apresentou-se em festivais
e casas de espetáculos da Europa, entre os quais o Jazz Fest
Wien, Karl Drewo Jazz Festival, Ruhe Triennale Jazz Festival,
Porgy & Bess Jazzclub, Zawinul`s Birdland Jazzclub etc. Em
2005 lançou o CD “Tons - bass and voice”, ao lado do baixista
Ronaldo Saggiorato. Reunindo um time de músicos internacionais,
o Cd foi indicado para o Prêmio da crítica „Schallplattenkritik“
na Alemanha.
Após
a final do Prêmio Visa, em outubro, Izabel foi convidada pelo
maestro Nelson Ayres para participar do show “Disco de Ouro”,
em fevereiro deste ano, interpretando Chico Buarque ao lado
de Miúcha, Renato Braz, Zizi Possi e MPB-4. Em março, fez
o pré-lançamento do CD Desassossego no projeto Plataforma,
no Teatro do Sesc Pompéia.
Repertório
01
Circuladô de Fulô (Caetano Veloso e Haroldo de Campos)
02 Onde a dor não tem razão (Paulinho da Viola e Elton Medeiros)
03 Extra (Gilberto Gil) / Baião da Penha (Guio de Moraes e
Davis Nasser) / Opachorô (Gilberto Gil)
04 Pés no chão (Mário Laginha e Maria João)
05 Dueto (Chico Buarque) 06 Mayara (Alessandro Kramer) 07
Permuta dos Santos (Edu Lobo e Chico Buarque) 08 Lagrimas
de oro (Manu Chão) 09 Frevo diabo (Edu Lobo e Chico Buarque)
10 Retalhos de cetim (Benito di Paula) 11 Song for Denise
(Reinhard Micko) 12 Ensolarada (Luís Felipe Gama) 13 Um Samba
na Suissa (Janet de Almeida e Haroldo Barbosa)
O
prêmio
Criado
em 1998, o Prêmio Visa é hoje um dos mais importantes e conceituados
concursos musicais do País. A lista de finalistas das edições
anteriores comprova sua credibilidade. Músicos e intérpretes
conquistaram projeção nacional e internacional depois de passarem
pelo evento: Danilo Brito, Chico Saraiva, Rafael Altério,
Duofel, Chris Delano, Hamilton de Holanda, Renato Braz, Yamandú
Costa, Dante Ozzetti, Mônica Salmaso, Célio Barros e André
Mehmari.
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