Izabel
Padovani arrasa na primeira semifinal
Na
primeira semifinal do 8º Prêmio Visa de Música Brasileira
- Edição Vocal, realizada no domingo, no Sesc Vila Mariana,
o público estava generoso. Não faltou ovação para os três
candidatos a uma das cinco vagas da final da premiação: o
quinteto Vocalise e as cantoras Ana Cascardo e Izabel Padovani.
Mas a reação excessivamente estusiasmada ao fim da apresentação
da meio-soprano Izabel Padovani deixou evidente sobre quem
a preferência da platéia havia recaído.
Antes
de Izabel, natural de Campinas,subir ao palco,o grupo carioca
Vocalise, primeiro concorrente da noite, havia feito uma apresentação
correta, mas sem ousadias. O quinteto, formado pelo naipe
feminino Beth Dau e Fabíola Farias e pelo naipe masculino
Ivan Azevedo, Márcio Monteiro e Marcus Aurélius, confirmou
sintonia e chegou a animar a platéia, optando por um repertório
um tanto quanto comportado.
O
grupo utilizou alguma versatilidade e jogo de vozes em um
medley à la Djavan, com Capim e Fato Consumado, Choro Bandido
(Edu Lobo e Chico Buarque), Chá de Panela (Guinga e Aldir
Blanc) e Um Canto de Trabalho (Nelson Ângelo e Cacaso), mas
pairou a sensação de que "poderia ter sido melhor." Eles deixaram
o palco criando um clima propenso para outro candidato mais
ousado se destacar.
A
cantora mineira Ana Cascardo, que veio na seqüência, soube
aproveitar a oportunidade e surpreendeu com uma boa apresentação,bem
mais solta e empolgante em comparação à fase anterior, a das
eliminatórias. Naquela ocasião, ela já exibia boa técnica
vocal em canções como Choro pro Zé (de Guinga e Aldir Blanc)
e Doce de Coco (de Jacob do Bandolim e Hermínio Bello de Carvalho),
mas pecou por interpretações frias, sem sentimentos.
A
escolha de seu repertório para a semifinal trouxe surpresas,
por assim dizer,com as canções Luzes, de Paulo Leminski, e
Valsa para Helena Kolody, de autores pouco conhecidos (Gerson
Bientinez e Etel Frota), às quais deu um tom cool na interpretação.
A música Com Açúcar, com Afeto, de Chico Buarque, ganhou roupagem
de samba nos arranjos criados pelo pianista Fábio Rodrigo
Cardoso. Ana escolheu também uma de Djavan, Romance, com música
incidental do próprio.
Grande
destaque desta primeira edição, até Izabel Padovani assumir
os holofotes. Acompanhada por um excelente grupo de músicos,
formado por clarinete, baixo, violoncelo e piano, Izabel tirou
o fôlego, já de primeira, coma singela marcha de Braguinha
Mimi, seguida por duas canções de Chico Buarque, Permuta dos
Santos (esta em parceria com Edu Lobo) e Eu te Amo. A essa
altura, a voz forte e a irretocável presença de palco da cantora,
meio teatral, meio sentimental, induziram alguns menos contidos
na platéia a aplaudir em sua performance de pé, antes mesmo
do fim de sua apresentação.
Ela
emendou Um a Zero, uma pérola de Pixinguinha, Benedito Lacerda
e Nelson Angelo. Pelo repertório selecionado por Izabel, a
cantora acabou demonstrando que é dada a pesquisar coisas
da música brasileira. Exibiu uma técnica vocal digna de uma
meio-soprano, que arrancou comentários elogiosos de quem a
assistiu.
Na
platéia, encontrava-se também o corpo de jurado, formado pelo
pianista, regente, arranjador e compositor Nelson Ayres, o
músico Arrigo Barnabé, a cantora e compositora Jane Duboc,
o maestro Lutero Rodrigues, o instrumentista Roberto Sion,
além de mais duas novas integrantes: as cantoras Zélia Duncan
e Mônica Salmaso, vencedora da 2ª edição do Prêmio Visa, em
1999. As duas permanecerão no júri até a final do prêmio,
no dia 19 de outubro, no Tom Brasil Nações Unidas.
Após
a apresentação dos candidatos da noite, os jurados conversaram
a portas fechadas. Enquanto isso, o público conferiu os shows
primorosos do jovem bandolinista Danilo Brito e os violonistas
do Duofel, todos eles participantes de outras edições do Prêmio
Visa. Com seu time de instrumentistas a tiracolo, Danilo Brito
garantiu bom momento instrumental executando composições de
Waldir Azevedo e Ary Barroso. Já a dupla do Duofel mostrou
músicas suas e de contemporâneos fazendo o diabo em seus violões.
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