Cantora
põe técnica a serviço da interpretação
Carlos Calado
Até
o ano passado, quando conquistou o Prêmio Visa de Música Brasileira,
Izabel Padovani era praticamente desconhecida no país. Mesmo
para alguns dos jurados que a premiaram, a voz dessa paulista
nascida em Campinas surgiu como novidade.
Não
que ela seja uma estreante. Com quatro discos, Izabel atuou
por quase uma década na Áustria. Ali desenvolveu criativa
parceria com o baixista Ronaldo Saggiorato e com o pianista
Marcelo Onofri, que também vão acompanhá-la no show de quarta
(dia 28) no Sesc Pinheiros.
Dona
de voz trabalhada em anos de convivência com o repertório
erudito, Izabel usa a técnica adquirida para aprimorar a interpretação,
sem afetar a emoção. Não à toa, muitas de suas performances
soam como música de câmera. Ela canta com precisão e versatilidade
típicas de grandes instrumentistas.
Raras
cantoras teriam coragem de abrir um show com um samba do polêmico
Benito de Paula ("Retalhos de Cetim"). E essa é apenas uma
das preciosidades do repertório da moça, que destaca o alternativo
Manu Chao e o gaúcho Vitor Ramil. Sorte nossa: Izabel já chegou
madura.
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